Filho de dona Celeste Arantes e de João Ramos do Nascimento, conhecido futebolista no sul de Minas Gerais, alcunhado Dondinho, em 1945, mudou-se com a família para Bauru (São Paulo). O nome "Edison" foi escolhido pelo pai para fazer uma homenagem ao inventor Thomas Edison.
Ainda criança manifestou a vontade de ser futebolista. Ironicamente a alcunha "Pelé" que serviu para identificar o jogador considerado o maior goleador de todos os tempos teve origem num goleiro. Em 1943 o pai de Pelé jogava no time mineiro do São Lourenço. Pelé, que então tinha três anos, ficava bastante impressionado com as defesas do goleiro da equipe do pai e gritava: "Defende Bilé". As pessoas próximas começaram a chamá-lo de "Bilé". Muitas crianças colegas do garoto Edison tinham dificuldade em pronunciar "Bilé" e com o tempo o apelido virou "Pelé".
Com onze anos, já em Bauru, jogava em um time infanto-juvenil, o Canto do Rio, cuja idade mínima para participar era de treze anos. O pai então o estimulou a montar o seu próprio time: chamou-o Sete de Setembro. Para adquirir material, como bolas e uniformes, os garotos do time chegaram a furtar produtos nos vagões estacionados da Estrada de Ferro Noroeste para vender em entrada de cinema e praças.
Posteriormente, viria a jogar no Baquinho, o time de maior referência da juventude do Pelé. O time principal era o Bauru Atlético Clube (BAC), da categoria principal da cidade e de onde derivou o nome do time juvenil. O BAC mandava os seus jogos na rua Rio Branco, onde hoje foi construído um hipermercado. O convite para jogar no Baquinho partiu do Antoninho "Bigode", que oferecia até emprego para os jogadores. Foi o Antoninho, ainda, quem dirigiu o primeiro treino do time. Depois, o Valdemar de Brito, famoso jogador do passado e técnico dos profissionais, passou a treinar a equipe. Foi ele quem levou o Pelé para a equipe do Santos.
Carreira
Pelé começou sua carreira no Santos FC, em 1956 e disputou sua primeira partida internacional com a Seleção Brasileira dez meses depois. Nos década de 1960, foi convidado para jogar fora do Brasil, na Europa, mas preferiu ficar no Santos.
Um fato que destacou a importância de Pelé no exterior foi quando de sua visita a África em 1969. No transcorrer da guerra civil na África, para que Pelé e o time do Santos FC transitassem em segurança entre Kinshasa e Brazzaville, as forças rivais declararam a interrupção das agressividades, chegando a ocorrer, numa região de fronteira, a transferência da delegação sob tutela de um exército para o outro. Este fato fez lembrar o sonho do Barão Pierre de Coubertin ao fazer renascer os Jogos Olímpicos no século XX. Pois era costume na Grécia Antiga a decretação de um armistício quando da realização dos jogos olímpicos da época.
Na década de 1980, namorou a então aspirante a modelo Xuxa, sendo considerado o principal responsável pela projeção inicial dela na mídia. O mesmo período em que foram lançadas filmagens de Xuxa em um filme erótico chamado Amor, Estranho Amor. O filme com cenas polêmicas de Xuxa teve a exibição embargada na Justiça Brasileira anos depois, por iniciativa da própria atriz, que se tornara famosa e rica na TV e brasileira atuando como apresentadora infantil.
Foi ministro dos Esportes do Brasil de 1995 a 1998. Nessa época aprovou mudanças na Lei Zico, que passou a ser conhecida como Lei Pelé. A legislação, muito criticada pelos dirigentes de clubes brasileiros, na verdade segue em linhas gerais as diretrizes internacionais da FIFA para contratação de jogadores.
Em 2000, na conturbada eleição de Melhor Jogador do Século da FIFA, Pelé foi aclamado como o melhor de todos os tempos, a frente do craque argentinoDiego Maradona. Em 3 de março de 2004, junto a FIFA, Pelé elaborou uma lista contendo os cem melhores jogadores de futebol vivos, denominada FIFA 100. Em maio de 2005, Pelé ganhou espaço no noticiário por conta da prisão de seu filho Edson Cholbi Nascimento, o Edinho, autuado sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas.
Camisa 10
Depois de Pelé, a camisa 10 passou a ser vestida pelo melhor jogador do time, tanto no Brasil quanto no exterior. No time do Santos e no do Cosmos de Nova York, ele utilizava esse número por ser o meia-esquerda. Em sua estreia na Seleção Brasileira, Pelé atuou com a camisa de número 9, a camisa de número 10 ele só começou a utilizar a partir do Mundial de 1958, cuja distribuição da numeração se deu de forma aleatória por um membro da Fifa, posto que, a delegação brasileira havia deixado de fornecer aos organizadores daquele mundial a numeração dos atletas.
Gol de Placa
O termo "gol de placa" surgiu por conta de um gol marcado por Pelé no Torneio Rio-São Paulo. O jogo em que Pelé marcou o primeiro gol de placa da história ocorreu em um dia 5 de março na partida Fluminense 1 x 3 Santos, válido pelo Torneio Rio-São Paulo de 1961. O gol ocorreu aos 40 minutos do primeiro tempo e foi o segundo de Pelé no jogo (Pepe completou para os santistas e Jaburu descontou para o Fluminense).
Após driblar vários adversários vindo do meio-de-campo com a bola dominada, Pelé venceu o então goleiro Castilho fazendo com que o Maracanã e o jornalista Joelmir Beting explodissem em euforia. O jornalista, empolgado com o fantástico gol que havia visto, disse que tal gol merecia uma placa tamanha sua beleza. Assim, uma placa de bronze foi feita e colocada na entrada do Maracanã onde permanece até hoje. Desde então, todos os gols marcados com rara beleza são intitulados "gols de placa".
Clubes
- Santos
- 1956–1974
- Estreia: Santos 7 - 1 Corinthians de Santo André, em 7 de Julho de 1956. (primeiro gol de Pelé, sexto do Santos na partida).
- Última partida: Santos 2 - 0 Ponte Preta, 2 de Outubro de 1974.
- New York Cosmos
- 1975–1977
- Última partida: New York Cosmos 2 - 1 Santos, no Giants Stadium (Nova Iorque), em 1 de Outubro de 1977. Pelé atuou um tempo por cada equipe e marcou o primeiro gol da equipe estadunidense cobrando falta.
Seleção Brasileira
- Estreia: convocado pela primeira vez pelo técnico Sílvio Pirilo depois de brilhantes partidas no Maracanã, na qual atuou em um combinado do Santos e Vasco da Gama (fonte: página oficial do Vasco na internet, acessada em 25 de março de 2008). Derrota de 1 a 2 para a Argentina em 1957, pela Copa Rocca. Gol dele.
- Copa de 1958: convocado com 17 anos, se machucou na véspera da competição, mas Paulo Machado de Carvalho resolveu levá-lo assim mesmo. Estreou no terceiro e decisivo jogo do Brasil, juntamente com Zito e Garrincha. Ele não marcou, mas o Brasil venceu por 2x0 a URSS. Nessa copa Pelé foi chamado pelos franceses de "Rei do Futebol", dando início a uma verdadeira lenda internacional, tornando-se uma das personalidades mais conhecidas do mundo durante o século XX.
- Copa de 1962: Pelé se machucou na virilha, no segundo jogo do Brasil. No primeiro ele havia feito um gol. Não jogou mais aquela competição.
- Copa de 1966: Pelé foi caçado em campo pelos adversários, que usavam do chamado "Futebol Força" para surpreender o Brasil. Jogou apenas duas das três partidas que o Brasil disputou naquela Copa. Fez sua última partida com Garrincha, na vitória de 2x0 sobre a Bulgária. Juntos, os dois astros nunca perderam uma partida de futebol pela seleção.
- Copa de 1970: Ameaçado de ficar no banco de reservas, quando Zagallo assumiu a seleção, Pelé jogou tudo que sabia e comandou o Brasil na sua mais impressionante campanha em Copas, ganhando definitivamente a Taça Jules Rimet.
- Despedida: Maracanã, dia 18 de julho de 1971, com público de 138.575 pagantes. Brasil 2 a 2 Iugoslávia.
Despedidas
- Além da Seleção Brasileira, Pelé se despediu como jogador do Santos em 1974 (vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta) e do New York Cosmos (1977, jogando um tempo em cada equipe, marcando um gol pelo time nova-iorquino que venceu o Santos por 2 - 1). Na festa estadunidense, com direito a participação de Muhammad Ali, Pelé daria seu grito repetido por milhares de pessoas: "Love! Love!".
- Seria a estrela de partidas de despedida de outros astros, como Garrincha em 1973 (fez um gol pela Seleção Brasileira, driblando toda a defesa adversária formada por estrangeiros que atuavam no Brasil); e da de Beckenbauer em 1982, quando fez seu último gol. Carlos Alberto Torres reclamou que Pelé não participou da sua despedida. Tanto Beckenbauer como Carlos Alberto, foram seus companheiros no Cosmos.
- Jogos
- 1367 (1312 oficiais)
- Gols
- 1282 (1229 oficiais)
- Média de gols por jogo
- 0.9
- Jogos pela Seleção Brasileira
- 115 (92 oficiais)
- Gols pela Seleção Brasileira
- 95 (77 oficiais)
- Recorde de gols numa partida
- 8 (Santos 11–0 Botafogo de Ribeirão Preto, 21 de novembro de 1964)
- Melhor média num ano
- 1961 – 111 gols em 75 jogos (1,48 gol/jogo)
- Recordes
- 60 títulos no total
- Por três vezes ultrapassou a marca de 100 gols numa única temporada
- Mais jovem artilheiro Campeonato Paulista: 1957 – 17 anos
- Mais jovem campeão mundial: 1958 – 17 anos
- Mais jovem bicampeão mundial: 1962 – 21 anos
- Único Jogador tricampeão mundial: 1958, 1962 e 1970
- Maior artilheiro num só Campeonato Paulista: 1958 – 58 gols
- Maior número de temporadas como artilheiro do Campeonato Paulista: 11 – 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968 e 1973
- Jogador com mais gols na História do Torneio Rio-São Paulo: 49 gols
- Maior artilheiro em uma única temporada: 1959 – 126 gols
- Maior artilheiro da história da Seleção Brasileira: 95 gols
- Maior artilheiro da história do futebol profissional: 1282 gols
Gol 500
Marcado em 2 de setembro de 1962, na partida Santos 3 a 3 São Paulo. Pelé marcou dois gols na partida, sendo o segundo o 500º gol.
Milésimo gol
A partida era válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o campeonato brasileiro da época. Aos 33 minutos do segundo tempo o zagueiro do Vasco Renê cometeu pênalti. Pelé cobrou com pé direito no canto esquerdo do goleiro Andrada, que se esforçou, mas não conseguiu defender o pênalti. Andrada não queria sofrer gol de Pelé pois achava que deixaria de ser conhecido como bom goleiro e passaria a ser lembrado somente como o goleiro do milésimo gol.Marcado em 19 de novembro de 1969, às 23h11, Vasco 1 - Santos 2, com 65.157 pagantes.
Ao ser cercado pelos repórteres, Pelé disse: "Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas".
Pelé vestiu uma camisa do Santos de número 1000 e deu a volta olímpica no Maracanã.
Títulos
- Santos
- Campeonato Paulista: 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973
- Torneio Rio-São Paulo: 1959, 1963, 1964 e 1966
- Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968
- Taça Libertadores da América: 1962 e 1963
- Copa Intercontinental: 1962 e 1963
- Recopa Sul-Americana: 1968
- Recopa dos Campeões Intercontinentais: 1968
- New York Cosmos
- Seleção Brasileira
- Copa do Mundo: 1958, 1962 e 1970
Prêmios individuais
- Melhor jogador jovem da Copa do Mundo: 1958
- Bola de Prata Copa do Mundo: 1958
- Chuteira de prata Copa do Mundo: 1958
- Craque do time das estrelas da Copa do Mundo - World cup all-star team player: 1958
- Bola de Ouro - Copa do Mundo: 1970
- Craque do time das estrelas da Copa do Mundo - World cup all-star team player: 1970
- BBC Personalidade Esportiva do Ano: 1970 e 2005
- Melhor jogador Sulamericano do ano: 1973
- Atleta do Século, eleito por jornalistas do mundo todo, na pesquisa realizada pelo jornal L'Équipe: 1981
- Bola de Ouro Especial da revista Placar: 1987
- Atleta do Século, eleito pelo Comitê Olímpico Internacional: 1999
- Atleta do Século, eleito pelos jornalistas da Agência de Notícias Reuters: 1999
- Jogador de Futebol do Século, escolhido pela UNICEF: 1999
- Jogador de Futebol do Século, eleito pelos vencedores da Bola de Ouro da revista France Football: 1999
- Maior jogador do Século XX pela IFFHS: 1999
- Maior jogador Sulamericano do Século XX Pela IFFHS: 1999
- Maior Jogador de Futebol do Século FIFA: 2000
- Laureus World Sports Awards, prêmio pela cerreira, entregue pelo Presidente Sul-Africano Nelson Mandela: 2000
Artilharias
Santos
- Campeonato Paulista
- 1957 - Santos (20 gols)
- 1958 - Santos (58 gols) - Recorde da Competição
- 1959 - Santos (45 gols)
- 1960 - Santos (34 gols)
- 1961 - Santos (47 gols)
- 1962 - Santos (37 gols)
- 1963 - Santos (22 gols)
- 1964 - Santos (34 gols)
- 1965 - Santos (49 gols)
- 1968 - Santos (26 gols)
- 1973 - Santos (11 gols)
- Taça Brasil
- Torneio Rio-São Paulo
- 1963 - Santos (14 gols)
- Copa Intercontinental
- Taça Libertadores da América
- 1963 - Santos (11 gols)
Seleção Brasileira
- Copa América
- 1959 - Brasil (9 gols)
- Copa Roca
- 1963 - Seleção Brasileira (3 gols)
Forças Armadas
- Campeonato Brasileiro das Forças Armadas
- 1959 - Seleção da 6ª Grupo de Artilharia de Costa Motorizado - 6º GACosM(11 gols)
- Campeonato Sul Americano das Forças Armadas
- 1959 - Seleção Brasileira das Forças Armadas (11 gols)
Carreira artística
- Filmografia
- Isto É Pelé (documentário)
- Os Trombadinhas
- Pedro Mico
- Fuga para a Vitória
- A Marcha
- Os Trapalhões e o Rei do Futebol
- Pelé Eterno (documentário)
- Telenovela
- Discografia
Pelé gravou o compacto Tabelinha com a cantora Elis Regina no ano de 1969. O disco foi gravado pela Philips/CBD, hoje Universal Music. (Philips 365291) com as canções Vexamão e Perdão Não Tem.
As canções estão disponíveis no CD duplo Elis Regina 20 anos de Saudade, de 2002 (Universal Music) e no CD Peléginga, de 2006 (EMI).
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